tag:blogger.com,1999:blog-31919860710040493362024-02-21T15:08:01.373-03:00textorizandoBlog com a intenção de publicar textos pessoais e de outras pessoas nos mais diferentes gêneros textuais: poesia,fotografia, ensaio, crônica etc.Fernando Arosahttp://www.blogger.com/profile/02253625779676629120noreply@blogger.comBlogger71125tag:blogger.com,1999:blog-3191986071004049336.post-68371212955641086502016-12-15T16:07:00.000-02:002016-12-15T16:07:10.752-02:00O som do abaço
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><o:p></o:p></span> </div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<o:p><span style="font-family: Calibri;"> </span></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Pela primeira vez, o rapaz de um
município vizinho (ou seria de longa distância?) chegou à cidade grande, cidade
com carros, barulhos, desalinhos... “O mundo anda perdido”, ouvimos
recentemente a sentença, aliás, o tempo vem nos confundindo, pois as desilusões
não são substituídas por alentos há tempos, ouvimos muito e sempre “O mundo
anda perdido”.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Perdidos mesmo estavam o violão e
seu dono, dentro do vagão de metrô, em um local qualquer nos subterrâneos da
cidade maravilhosa. Os barulhos da cidade, no subsolo, são outros: há toques de
grandes rodas de metal em contato com seus trilhos deslizantes, há barulhos dos
ajustes entre os vagões que a Física dá conta de explicar, as conversas, os
choros das crianças, o cansaço silencioso...mas hoje a professora presenciou o
som do abraço e se encantou.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">O fato veio de um jovem músico,
perdido em seu trajeto, pleno de mapas inexplorados: precisava de saber como chegar à escola Nacional de Música. Pediu informação e recebeu algo
assustador: delicadeza, afeto e informação. A professora, com seu livro aberto
e óculos apoiados no nariz, levantou os olhos e se encheu de ilusões: “Será que
o mundo ainda tem jeito?”.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">A cidade por cima de toda aquela
cena não percebia que das entranhas da terra viriam boas novas, quem sabe uma
mensagem de paz ou simplesmente um lampejo de esperança... seria o Natal
chegando?<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Pois bem, o casal que dava a
informação foi surpreendido pela pergunta de seus nomes e, como confirmando a
possibilidade de paz entre os homens, o jovem músico compôs uma canção em
agradecimento, finalizando a cena com um abraço triplo, abraço que ecoou no dia
da professora como uma fonte de futuro...<o:p></o:p></span></div>
Fernando Arosahttp://www.blogger.com/profile/02253625779676629120noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3191986071004049336.post-56171322568349089582016-12-09T10:06:00.001-02:002016-12-09T10:06:18.382-02:00
<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;">A Família Dionti, de
Alan Minas<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<o:p><span style="font-family: Calibri;"> </span></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">A Família Dionti, texto de Alan
Minas, publicado pela Berlendis & Vertecchia Editores, é uma instigante e
deliciosa narrativa cuja experiência ficcional nos traga para o olho de um
furacão, uma espécie de desvio, uma estrada renovada, um susto, uma risada, um
suspiro de alívio, uma saudade... texto carregado de marcações, fruto de um
trabalho intenso de busca pela palavra certa, mesmo que, por vezes
(pouquíssimas), <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>nos leve ao excesso da
adjetivação, nada<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>compromete o encanto
da criação dos espaços e suas importâncias. Recria palavras, desenvolve um
troca-troca semântico inebriante: “Desatou o olhar, palitou o resto da comida e
das coisas não ditas agarradas entre os dentes”.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Há uma busca incessante por
universos internos que passeia em campos semânticos de raíz, sonho,
entender-se... é uma filosofia de quem conhece o mundo pelo empirismo.
Personagens que brotam dos fonemas, morfemas, da força da linguagem; uma gama
enorme de figuras que transitam ora etéreas, ora concretas nos espaços da
narrativa. Tempo e Saudade alcançam categoria de personagem, há a Água também
que lava traições, esbanja amores...<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Capítulos? Quando abertos, somos
encaminhados para o olhar daquele personagem, mas, como na vida, tudo se
mistura. Personagens que têm suas ações no conceito do seu nome, por exemplo,
Sono, com letra maiúscula, que entra em cena, não apenas a brecha da vida que
temos para o descanso, mas uma persona que, sorrateiramente, domina o quarto de
Kleiton e Sirino e os faz imergir na noite. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">O nome dos personagens é um
capítulo à parte: Pedro Muito, Poesina, Salvador (o farmacêutico), Intromelissa,
Dona Centenádia, Dona citronela, entre outros, trazem a leveza, a diversão, o
humor, a reflexão...esses personagens são descritos com delicadeza, profundos
segredos revelados por um narrador que desconhece imparcialidade.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Há um “Surrealismo” entre aspas
que se adensa à medida em que, sem trégua, somos submersos nas fantasias
propostas pelo enredo: açúcar puro, no mais primitivo de seu doce. “Ilusângela
usou o dedo mínimo para acionar o pequeno botão desbotado no canto da foto, deu
a partida. As engrenagens da roda-gigante voltaram a funcionar. As luzes, o
realejo, tudo alcançou um brilho intenso, e o brinquedo voltou a girar, a
girar... sem tempo para acabar.”<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Há criatividade sintática, nada
que subverta por subverter, mas por torná-la também personagem dos personagens,
a estrutura da língua está a serviço de sua criação.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">O enredo acontece com histórias
paralelas ricas em curiosidades: Kelton, desreprezado, se esvai enquanto Sirino,
ressequido, saudade pura, desmancha-se em terra, poeira, ciscos... Irmãos nessa
família em que Josué, pai “contido nas três letras”, manobra a ausênciafuga da
mãe... a existência do “medo de somar saudades”. O padre se consulta com
Vaidalva, a rezadeira de Mundeiró, o médico, Sofia e Samanda, disputando
bonitezas, Vô Abelino...uma beleza.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Amores, pureza, enxurradas,
vazamentos, corredeiras, uma história de muitas correntes...<o:p></o:p></span></div>
Fernando Arosahttp://www.blogger.com/profile/02253625779676629120noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3191986071004049336.post-75023142048257554782016-05-31T22:23:00.001-03:002016-05-31T22:23:17.820-03:00CAMPO GRANDE<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">De pronto, estamos diante de um grande susto: o abandono. Mas
o que há conosco quando nos aterrorizamos com isso? Nós nos abandonamos
diariamente, uns aos outros.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">As folhas da amendoeira balançavam com o céu ao fundo. Verdes
e azuis em harmonia abrem o filme de Sandra kogut e o olhar percorre outras
possibilidades reais. A trama acontece numa cidade em transformação, com ruídos
e agitação, típicos sinais de progresso. Uma menina carrega consigo um nome e
um endereço anotados em um pedaço de papel, registro de uma possível nova
identidade? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">As cenas transcorrem numa naturalidade angustiante, uma criança
deixada em uma casa sem muita explicação, em uma família em processo de
desfecho. E a tentativa de desvendar aquela nova situação cria o conflito que
se desenvolverá em belas imagens, compostas por olhares reveladores. Como em
Mutum, Sandra kogut protagoniza o olhar infantil, não como narrativa eloquente,
repleta de ações, clichês de pronto entendimento, mas com pausas e silêncios,
com olhar de fato, reflexo do que se está sentindo. Os atores-mirins dão o ar
que fundamenta todo o eixo complexo criado por Kogut: famílias sendo refeitas,
desejos e frustrações humanas, e, sobretudo, a ausência do cuidado. Regina,
personagem vivida por Carla Ribas, parte para uma experiência que a transporta
para lugares nunca vistos, o lugar dos espaços de uma cidade que aparece muito
fora dos padrões de cartão postal, o lugar de uma mulher que se vê sob a
análise da filha “você não sabe cuidar de ninguém” e se lança a achar a família
daquelas crianças ...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Campo Grande, um filme que derrama em nós algumas cenas
poéticas, como o momento em que a adolescente e o menino dividem a tela com uma
bela canção que fala de amor, ou ainda com a imagem da mulher que aparece, na
sequência dos fatos, sendo despida aos poucos à medida que sua casa vai esvaziando
com a ausência da filha, dos móveis, dos livros. Belo filme. E seguimos pela
calçada...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Fernando Arosahttp://www.blogger.com/profile/02253625779676629120noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3191986071004049336.post-90181580786095920382014-09-19T08:15:00.002-03:002014-09-19T08:15:37.813-03:00<div class="MsoNormal">
Olheiro<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Estamos em destaque. O mundo nos
verá a partir do início da Copa da Fifa. As ruas estão ainda mornas. A campanha
presidencial está na rua. E os brasileiros ficarão em casa e verão pela TV os
jogos. Quer assistir à final? É simples: compre o bilhete e vá, dependendo do
tipo de ingresso, você terá que desembolsar R$2 mil. Seja otimista: “treino é
treino, jogo é jogo”.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Logo de cara teremos uma partida
com a Croácia que apresenta na sua equipe um brasileiro. Coitado, está tendo
que justificar por que não joga pelo Brasil... há muitas explicações pra isso,
uma delas é o sonho de uma vida melhor.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O mundo anda meio mal, mas o
Brasil avança sua economia e conquista seu lugar no quadro mundial como uma
nação que exporta, que cresce e que realiza a “maior Copa da história”. “A Copa
da paz, da inclusão, da tolerância, do diálogo e do entendimento...”. O país,
de fato, precisa disso tudo, mas clama também pela igualdade. Liberdade de
expressão temos que vigiar e manter; fraternidade, conquistar com debate e
garantia dos direitos, e, igualdade, exigir. Somos um país rico, estamos cada
vez mais conscientes disso, mas não somos iguais. As diferenças de oportunidade
estão nos ônibus, nas portas de hospital, nas filas de defensoria pública, nos
guichês de atendimento da previdência social, nas escolas. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
“Os olhos e os corações do mundo
estarão voltados para o Brasil...”. O que temos para mostrar? O povo. Fala-se
em legado, mas fala-se também que tudo já estava planejado, independente do
evento internacional. O povo que deve ser o maior beneficiário, ainda enfrenta
problemas básicos seríssimos, não somos pessimistas, vivemos nas ruas, nas
filas, no país real... será que precisamos de um olheiro que nos leve para um
lugar onde as igualdades estejam garantidas?<o:p></o:p></div>
<br />
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span style="font-size: 8.0pt; line-height: 107%;">(Publicado em www.bafafa.com.br)<o:p></o:p></span></div>
Fernando Arosahttp://www.blogger.com/profile/02253625779676629120noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3191986071004049336.post-8751280181263122972014-09-19T08:13:00.000-03:002014-09-19T08:13:22.319-03:00<div class="MsoNormal">
Horas, minutos, segundos<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O dia doeu em mim. As luzes mal
tinham se expandido e a cidade acobertada dos restos de ontem. Meu corpo ainda
inerte, pedra seca, reclamava uma juventude que não volta mais. Esperei meus
filhos virem se empoleirar sobre nós, e nada, já haviam crescido e fugiram da
velha casa. O relógio batera seis e quinze naquele que seria um dia de algum
metal que nada vale, pois havia começado em dores de corpo e alma. Saudades,
vínculos estraçalhados e pouca luz.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Levantei, sozinho, encurvado
ainda, uma trava que atravessou minha coluna agora sem cartilagens macias. Eita,
vida dura!!! Diria minha avó. Eu não. Eita, vida... sabendo disso, visto-me e
saio para abrir a janela da casa. Lembro-me de uma grande janela verde que
fechava a cozinha de piso branco e vermelho. Em cima da geladeira, um relógio
que soava os segundos com o movimento de um bonequinho esquimó, encantamento
para os olhos infantis. Não, minha janela hoje é branca e dá para uma rua
barulhenta, barulhos me deformam...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Horas mais tarde, já em posição
humana, bípede que comanda a vida, ou imagina isso, recorro aos jornais como
exercício de colocação no mundo real. Vi, hoje, 2014, que no Ceará, em lugar
conhecido por Cafundó, chegou a luz elétrica. Que bom que chegou!!! Nossa, só hoje?...
Isso me coloca de volta nos minutos que faltam para meu embarque. Rumo ao
aeroporto, penso que nos viciamos em riquezas de pouco valor, e meu dia passa
lentamente.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
As “crianças” me ligaram para
saber se estou bem, digo que sim e que na volta faríamos um almoço de família,
todos juntos: pai, mãe, filhos... Entro no avião e saio para um lugar no
futuro. Alguns segundos me deram essa impressão de tudo que disse. Mas, o fato,
é que, agora já estou na metade do dia. Volto de ônibus para casa e espero a tarde
sem dor.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ereto, com ar de superioridade,
de volta à realidade, enfrento o resto do dia. As vozes de hoje ordenam ações
de pai, cidadão, homem seguindo a viagem. Numa piscadela de olhos, vejo
correndo em minha direção, meus filhos, alegres em me ver. Jogam-se sobre mim e
falam ao mesmo tempo o dia que tiveram, finjo entender e digo qualquer coisa e
recomeço, renovado, com alívio, eles ainda não se foram...<o:p></o:p></div>
Fernando Arosahttp://www.blogger.com/profile/02253625779676629120noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3191986071004049336.post-32827812889843768572014-09-19T08:09:00.001-03:002014-09-19T08:09:37.488-03:00<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Eu não sou macaco<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
—Não, meu filho, você não é
macaco...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
— Mas, pai, o Neymar disse que
todo mundo é macaco.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
— Mas foi em outro sentido...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
— Mãe, o papai está desmentido o
Neymar... — gritou o menino de 7 anos com força de quem quer proteger –se de um
grande mal.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
— Carlinhos, o papai está
querendo dizer...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
— Eu não estou querendo dizer
nada, eu estou dizendo que nós não somos macacos e que o que o jogador quis
demonstrar é que...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
— Não complica, Arnaldo, você
acha que o menino vai entender sua filosofia.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
— Mas não fui eu que disse que
nós somos macacos, estou tentando explicar pro Carlinhos que o Neymar disse uma
coisa querendo dizer outra, só isso.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
— Afinal de conta, pai, você está
ou não está mentindo?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
— Se vira, Marcelo, a bola é tua
— sentenciou a mulher, com ar de desafio.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
— Bom, vamos lá: meu filho, o que
o Neymar quis dizer é que todos viemos do macaco, independente de nossa cor,
sabe?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O menino arregalou o olho e ficou
sem entender, parecia que o tinham colocado numa gaiola e ele teria que esperar
que o trouxessem bananas para comer. O contexto ainda não tinha sido criado na
sua linguagem, e a confusão estava armada.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
— Pai, os jogadores de futebol
são macacos? Só eles vieram dos macacos? Se for assim, quero ser jogador de
futebol...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O nó aumentou e a família teve
que se unir. Pai e mãe não sabiam e não queriam dizer que se tratava de um ato
de preconceito do torcedor, não queriam expor ao filho o mundo estranho em que
vivem, a preservação da inocência deveria ser mantida, não queriam que
Carlinhos entendesse que o preconceito é criação humana.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
— Perfeito, Carlinhos, se você
quer ser jogador de futebol, então que seja..., mas você é gente, não é
macaco...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Carlinhos se deu por satisfeito e
a vida continuou alegre para o menino. O pai e a mãe seguiram vendidos... <o:p></o:p></div>
<br />
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span style="font-size: 8.0pt; line-height: 115%;">(Publicada em www.bafafa.com.br)<o:p></o:p></span></div>
Fernando Arosahttp://www.blogger.com/profile/02253625779676629120noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3191986071004049336.post-30084133578112944742014-09-19T08:08:00.001-03:002014-09-19T08:08:15.714-03:00<div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;">
<span style="font-size: 12.0pt;">El
Cid de La Mancha<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;">
<span style="font-size: 12.0pt;">As
lágrimas aqui no Rio de Janeiro tomaram proporções celestiais. No momento em
que escrevo, chove bastante e a cidade é lavada com fôlego de faxina de fim de
festa. Sim, perdemos e o hexa não foi dessa vez. Garantimos alguma alegria durante
o campeonato, mas o fato é que a Alemanha inventou o gol do susto...explico:
assustados, sem acreditar que estávamos abrindo o campo, os jogadores fizeram
tudo o que havia sido combinado, há pelo menos seis anos. Tocaram a bola e
meteram foi gol contra o país do futebol.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;">
<span style="font-size: 12.0pt;">A
partida começou e estávamos certos de que não seria fácil a batalha, mas
sentíamos que a guerra estava ganha. Nosso exército corria confiante,
carregados com o manto do pentacampeonato. A alegria parecia certa e as
cervejarias já alcançavam índices astronômicos de venda. O ambulante já tinha
feito encomendas para as próximas jornadas nas portas dos estádios... Minas
Gerais confidenciava-se: somos a capital!!!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;">
<span style="font-size: 12.0pt;">Mas
os ventos chegaram com força total e os moinhos avançavam como monstros
paralisando as pernas milionárias que tentavam entender o que estava
acontecendo. A torcida ainda deu uma força, lutou com palavras e gritos, gestos
que empurravam o vento maldito para o outro lado... e nada. Inimigos sem
precedente fizeram um gol seguido de outro e foi assim, balançando o placar,
que saíram de campo para o intervalo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;">
<span style="font-size: 12.0pt;">Os
comentaristas da transmissão televisiva tentavam entender e diziam o que
parecia ser um discurso disfarçado de equilíbrio ensaiado, mas o desespero já
havia se instalado. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;">
<span style="font-size: 12.0pt;">Os
guerreiros invencíveis voltaram mancando moralmente, abatidos pelas pernas
tortas e cansadas do futebol de ontem à noite. Pareciam ter passado a noite
treinando e agora não davam mais conta. No lugar do manto, via-se uma nova
tentativa de que a camisa amarela tremulasse nos braços do adversário. E o jogo
recomeçou. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;">
<span style="font-size: 12.0pt;">No
canto do campo, avista-se Rocinante, aguardando seu Sancho Pança terminar o
jogo. Gramava aqui e ali e ouvia sem acreditar que o Brasil estava perdendo e
seu Don Quixote, mais uma vez, mudo à espera de uma grande vitória.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;">
<span style="font-size: 12.0pt;">Não
deu. A chuva ainda lava a cidade do Rio de Janeiro e a vizinhança ficou em
silêncio, não aquele de 50. Talvez à espera de El Cid, aquele que, mesmo à
beira da morte, encimando seu cavalo, exibindo seu garbo e poder, ganha a
guerra. Mas não deu. Somos essa mistura de poder e sonho... nem sempre dá pra
ganhar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;">
<span style="font-size: 12.0pt;">Lendo
as redes sociais, vi que ainda somos brasileiros, pois não podemos perder a
piada, né? O texto dizia: “bem fez o Neymar que pegou um atestado”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;">
<span style="font-size: 12.0pt;">É
isso, agora, só daqui a quatro anos. Isso é que é duro... até a próxima.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;">
<br /></div>
<br />
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right; text-indent: 0cm;">
<span style="font-size: 8.0pt;">(Publicada em www.bafafa.com.br)<o:p></o:p></span></div>
Fernando Arosahttp://www.blogger.com/profile/02253625779676629120noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3191986071004049336.post-66676042636738749392014-09-19T08:06:00.002-03:002014-09-19T08:06:21.369-03:00<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Cartão amarelo<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
É um amor inexplicável esse do
brasileiro pelo futebol. Aqueles que não amam, e ainda brasileiros, fixam-se em
algum canto esperando seus pares para algum outro programa, outra torcida,
outro grande amor. A hora do jogo é a oportunidade de sentir-se com as rédeas
do país nas mãos. A equipe que corre no campo não é um time, não é uma bandeira
que tremula no mastro, não é o hino cantado a capela de braços dados, lágrimas
escondidas. São milhões de pessoas em cada par de pernas que corre pelo
gramado, um vento, uma tempestade certa da vitória contra intrusos que insistem
em querer tirar de nós o comando.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Nosso mapa muda de conformação,
aquele que a escola traduz como marca territorial assume forma e cor com
fronteiras brancas, retangulares, regras internacionais, um direito
mundialmente reconhecido: somos o país do futebol. Como pedir ao povo que não
seja assim, independente de tudo que as ruas clamam? Somos zagueiros, temos
ataques constantes, driblar nossos adversários diariamente faz parte da
conduta, da sobrevivência, por isso não aceitamos empate, afinal, ganhamos
sempre...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O treinador Felipão avalia que temos
a mania de entrar em campo com a certeza de que vamos ganhar, mas que temos
adversários com boas condições de nos enfrentar; o povo, ainda sim, quer é gol.
Levamos um cartão amarelo, temos que nos organizar, refazer nossos ataques e
defesas, pensar em uma equipe que corre harmonicamente, cada um na sua posição.
Aliás, isso dentro e fora do campo, certo?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O cartão vermelho é a penalidade
máxima para o jogador e o pênalti configura falta grave para a equipe. Vimos
alguns cartões vermelhos acontecerem no país essa semana, temos que reformatar
nossas fronteiras e tomar o apito para ganhar esse jogo. Escolha sua próxima
equipe...<o:p></o:p></div>
<br />
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span style="font-size: 8.0pt; line-height: 107%;">(Publicada em www.bafafa.com.br)<o:p></o:p></span></div>
Fernando Arosahttp://www.blogger.com/profile/02253625779676629120noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3191986071004049336.post-60586280548815578972014-09-19T08:04:00.002-03:002014-09-19T08:04:30.328-03:00<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Bisnaga ou baguete?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Contam que o Sr. Antônio da
padaria da esquina chegou ao Brasil ainda muito novo, com a família, na década
de 1940. Assim como ele, muitos vieram e se instalaram no Rio, e em São Paulo,
trazendo na mala os sonhos transcritos na carta de Pero Vaz. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O Rio de Janeiro era outro, assim
como Sr. Antônio virou um carioca da gema, ô pá! Sorria com facilidade, enxergava
a vida com certa leveza e o fado não o toca tão profundamente como o samba de
roda, mas Antônio cresceu atrás do balcão da padaria que, aos poucos, foi
tomando formato com seus ladrilhos e balcão; o relógio na parede marcava a
fornada e o bairro sentia o aroma do pão fresquinho.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Quando eu era criança, o pão era
bisnaga e o relógio orientava os passantes sobre a posição do dia. O pão
careca, o pão doce, o sonho com seu creme, o pudim de pão criavam o cenário da
padaria do português que enriquecia, trabalhando de sol a sol, de domingo a
domingo. Já ia esquecendo das roscas de polvilho e dos grandes pedaços de bolo
com cobertura de banana ou abacaxi. A padaria servia no copo de vidro seu café
coado puro ou pingado, vendia o leite em saquinhos de plástico, não mais em
garrafas de vidro, que ao ferver, criavam a nata que mais tarde serviriam para
os biscoitos. Era o bom dia e era o boa tarde das casas cariocas. No fim da
tarde, lá pelas quatro, cindo horas, havia o lanche com o pão recém-saído do
forno, e a vida era mais simples.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ontem, quis me certificar da hora
e não achei o relógio na parede da padaria de uma esquina por onde eu passava.
Resolvi entrar e pedir uma bisnaga. O atendente do balcão não sabia o que era,
chamou o gerente que me ofereceu uma baguete, o que, definitivamente, não é a
mesma coisa. O balcão, iluminado, fazia brilhar os doces finos e as tortas
maquiadas, estrelas de um cinema industrial.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Saí e, num instante, avistei,
sentado numa mesinha ao fundo, lendo o jornal, com sua boina azul marinho, Sr.
Antônio, o português da padaria, já idoso, tomando seu café no copo de vidro...<o:p></o:p></div>
<br />
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span style="font-size: 8.0pt; line-height: 107%;">(Publicada em www.bafafa.com.br)<o:p></o:p></span></div>
Fernando Arosahttp://www.blogger.com/profile/02253625779676629120noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3191986071004049336.post-33277770804834131822014-09-19T08:02:00.001-03:002014-09-19T08:02:26.619-03:00<div class="MsoNormal">
Prova dos 9<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A polêmica da semana envolve a
educação. Não sabemos por que motivo, mas a educação ainda causa polêmica;
desconfio que a atual polêmica possa nos trazer boas reflexões, isso tudo
porque o caso vem de um produto cultural popular: Valesca Popozuda.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Fui à pesquisa saber um pouco
mais do que se tratava. Um professor de Brasília, numa belíssima provocação,
atraiu a imprensa quando elaborou uma questão a partir de uma letra de canção
de um funk, fez isso com essa intenção, chamar a imprensa, e conseguiu. Seu
trabalho dera certo, procure saber...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Agora aproveito para sabermos um
pouco mais ainda. Valesca Popozuda é um produto forjado pela cultura funk
carioca. Pelo que pude saber, surgiu em 2000 com a Gaiola das Popozudas e vem
trilhando seu caminho de sucesso, inegável a força dessa indústria. Mas o <i>Beijinho no ombro</i> “causou”, para usar
gíria circulante nas redes sociais. Fui conhecer. O clip oficial revela um
investimento grande, uma máquina de divulgação e captação de moeda. A canção,
com ritmo marcante e envolvente, entra pelos poros imediatamente e a imagem
criada provoca desejos de toda ordem: sexual, de ascensão social, de guerra.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Algumas perguntas são
pertinentes: toda mulher tem inimigas, ou melhor, as mulheres são inimigas em
potencial? Divergências são tratadas a “... tiro, porrada e bomba”? Deus é
colocado de frente, como escudo, mas o outro é tratado como quem late...é isso
mesmo? “Do camarote quase não dá pra te ver”, que sucesso, hein!!! Você deseja
estar no camarote? Aproveitando, ainda, o texto original, digo: “Keep Calm”.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A prova do professor de filosofia
deu certo, provocou uma avaliação além de seu projeto original. O que a
imprensa quer mostrar? Que produto cultural atinge a lista dos 10 mais? Há
espaço para tudo numa verdadeira democracia, temos, porém, que refletir sobre
tudo que consumimos, certo?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Aproveito para fazer mais
perguntas. Em março recente, o país atingiu ao recorde de arrecadação de
tributos federais. Por que ainda temos tantas questões pra resolver no que diz
respeito à educação e à saúde? TEMOS DINHEIRO. Andar de coletivo nas nossas
cidades é aviltante. Hoje está nos jornais: “Brasil tem 11 das 30 cidades mais
violentas do mundo, diz ONU”. Na cidade do Rio de Janeiro, hoje, há uma guerra
acontecendo numa invasão de um prédio particular... pedras, fogo, violência.
Recorro a versos de Caetano Veloso: “Vaca profana, põe teus cornos/Pra fora e
acima da manada”.<o:p></o:p></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span style="font-size: 8.0pt; line-height: 115%;">(Publicada no www.bafafa.com.br)<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
Fernando Arosahttp://www.blogger.com/profile/02253625779676629120noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3191986071004049336.post-51017094291202970342014-06-30T11:41:00.002-03:002014-06-30T11:41:44.983-03:00Horas, minutos, segundos<br /><div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O dia doeu em mim. As luzes mal
tinham se expandido e a cidade acobertada dos restos de ontem. Meu corpo ainda
inerte, pedra seca, reclamava uma juventude que não volta mais. Esperei meus
filhos virem se empoleirarem sobre nós, e nada, já haviam crescido e fugiram da
velha casa. O relógio batera seis e quinze naquele que seria um dia de algum
metal que nada vale, pois havia começado em dores de corpo e alma. Saudades,
vínculos estraçalhados e pouca luz.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Levantei, sozinho, encurvado
ainda, uma trava que atravessou minha coluna agora sem cartilagens macias. Eita,
vida dura!!! Diria minha avó. Eu não. Eita, vida... sabendo disso, visto-me e
saio para abrir a janela da casa. Lembro-me de uma grande janela verde que
fechava a cozinha de piso branco e vermelho. Em cima da geladeira, um relógio
que soava os segundos com o movimento de um bonequinho esquimó, encantamento
para os olhos infantis. Não, minha janela hoje é branca e dá para uma rua
barulhenta, barulhos me deformam...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Horas mais tarde, já em posição
humana, bípede que comanda a vida, ou imagina isso, recorro aos jornais como
exercício de colocação no mundo real. Vi, hoje, 2014, que no Ceará, em lugar
conhecido por Cafundó, chegou a luz elétrica. Que bom que chegou!!! Nossa, só hoje?...
Isso me coloca de volta nos minutos que faltam para meu embarque. Rumo ao
aeroporto, penso que nos viciamos em riquezas de pouco valor, e meu dia passa
lentamente.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
As “crianças” me ligaram para
saber se estou bem, digo que sim e que na volta faríamos um almoço de família,
todos juntos: pai, mãe, filhos... Entro no avião e saio para um lugar no
futuro. Alguns segundos me deram essa impressão de tudo que disse. Mas, o fato,
é que, agora já estou na metade do dia. Volto de ônibus para casa e espero a
tarde sem dor.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ereto, com ar de superioridade,
de volta à realidade, enfrento o resto do dia. As vozes de hoje ordenam ações
de pai, cidadão, homem seguindo a viagem. Numa piscadela de olhos, vejo
correndo em minha direção, meus filhos, alegres em me ver. Jogam-se sobre mim e
falam ao mesmo tempo o dia que tiveram, finjo entender e digo qualquer coisa e
recomeço, renovado, com alívio, eles ainda não se foram...<o:p></o:p></div>
Fernando Arosahttp://www.blogger.com/profile/02253625779676629120noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3191986071004049336.post-54353953331684420822014-05-21T16:59:00.002-03:002014-05-21T16:59:39.491-03:00O PT inventou a corrupção<div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;">
Aprendi que o pensamento é em rede,
não pensamos em linha reta e a ligação entre um primeiro pensamento e outro não
é linear, sambamos entre calçadas e ladeiras íngremes, até chegar a alguma
conclusão sobre determinado assunto, mas o fato é que precisamos pensar para
dizer “e “dizer” não é brincadeira não”.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;">
Tenho lido muitas opiniões sobre a
situação em que estamos passando Brasil afora. “O país está vivendo a pior das
crises”, “A presidenta é...”, O Congresso fez...!” “ Na Câmara dos vereadores,
o discurso do representante do partido tal apontou que a corrupção vem
alcançando índices alarmantes...”. E isso, afinal é de quem?</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;">
Li certo comentário sobre cotas e
corrupção que me deixou quase em lágrimas, pois quem defendia a argumentação
contra as cotas me parecia a perfeição encarnada e vestida de gente, faltou-lhe
o altar e algum som divino ao fundo; quanto à corrupção, então, me pareceu que
foi inventada e registrada em cartório pelo Partido dos Trabalhadores. Que
alívio, alguém já encontrou o culpado, agora é fácil, é só agir...</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;">
Dizer que um partido implantou esse
estado de desordem institucional é fácil, difícil é deixar de estacionar em
lugar proibido, dando uns cinco merréis para o “maldito flanelinha” que deve
estar ali apenas para se aproveitar dos pobrezinhos donos dos carros. Apontar
que o PSDB, o PDT, o PCdoB, o PMDB e todos os outros não têm participação nessa
desordem institucional que estamos constatando diariamente, dizer isso é
facílimo, difícil é sair para trabalhar de ônibus quatro horas antes de seu
horário de início de trabalho, para garantir que chegará na hora e ainda em
condições pra lá de precárias. Difícil é não querer ser rico igual ao
governador, prefeito, deputado, artista de novela. Difícil mesmo é saber que as
escolas, em sua grande maioria, não estão conseguindo formar cidadãos
conscientes de seu papel social.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;">
Fácil é dizer que quem é
beneficiário de setenta reais por mês é vagabundo e não quer trabalhar, afinal,
setenta reais é trocado para alguns, mas para muitos é sair da inanição. Sim, e
depois, vão continuar ganhando isso para o resto de suas vidas? Fazendo filho
por aí pra ganhar bolsa disso e bolsa daquilo? Informe-se!!! Procure saber além
dos preços do supermercado da sua esquina... há muitos lugares no Brasil sem
esquina ainda, pois sequer são ruas. Difícil é sair da posição do conforto.
Difícil mesmo é ficar atrás do computador sem poder nas mãos para que a
igualdade se firme no país que precisa exercitar a democracia e cobrar seus
ajustes.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;">
Hoje, está difícil acreditar nas
instituições porque nossa máquina é feita por gente brasileira advinda de todos
os partidos políticos. Não, não foi o PT que inventou a corrupção, mas de fato,
alguns de seus representantes perderam a oportunidade de dar o tom da correção,
da lisura, usando o poder para ir adiante. É fato que estamos escancarados e
que há punições e as gavetas foram abertas no legislativo, no executivo e no
judiciário. O que fazer com isso? </div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;">
Fácil é ir à Disney uma vez por ano
e achar que nos EUA tudo funciona. Difícil é não jogar pela janela do carro o
papel do estacionamento do shopping de uma grande cidade brasileira. Bem
difícil é aceitar que gente pobre anda viajando de avião.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;">
E aí, já fez sua contramão de hoje?
Erga sua bandeira quando puder erguer e diga quando puder dizer...</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;">
<br /></div>
Fernando Arosahttp://www.blogger.com/profile/02253625779676629120noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3191986071004049336.post-56525754570979764972014-05-06T00:28:00.001-03:002014-05-06T00:28:23.245-03:00O astronauta<div>
<br /></div>
<div>
<span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">- Pai, eu vou ser astronauta.</span><br style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">- É, filho, que bacana...</span><br style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">- É, eu vou na lua pra tirar aquela bandeira que está lá e colocar uma do Brasil.</span><br style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">- É, filho, e o que mais?</span><br style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">- Vou colocar 7 pirulitos lá pros alienígenas também...</span><br style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">- E o que mais?</span><br style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">- Só isso tá bom...</span></div>
<div>
<span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">E o tempo corre a seu favor enquanto o pai precisa de tempo para ter tempo pra ver seu astronauta viver. Hoje o tempo resolveu dar-lhe uma trégua e, com paciência, saiu para comprar figurinhas na banca de jornal mais próxima. Ele queria ir mais longe, dizia que seu álbum ainda faltava muito pra completar... o olhar de brilho novo encheu o caminho até o jornaleiro de passado. Aquelas mãos dadas foram ligadas tão naturalmente e por instantes pai e filho só trocavam olhares e sorrisos, uma certeza de tudo e nada...</span></div>
<div>
<span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">- Pai,...</span></div>
<div>
<span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">- Pai,...</span></div>
<div>
<span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">Não sabia se respondia ou se ouvia sua própria voz trazida de anos atrás. A voz do astronauta ou a dele? Que pai tinha que acessar? Coisas mais simples: ele, pai do astronauta. O astronauta, pai do tempo.</span></div>
<div>
<span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">- E os alienígenas?</span></div>
<div>
<span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">- O que é que tem?</span></div>
<div>
<span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">- Como eles são?</span></div>
<div>
<span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">- São grandes.- Quanta certeza!!!</span></div>
<div>
<span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">- Pai, amanhã você pode vir comigo novamente aqui na banca?</span></div>
<div>
<span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">Os carros passam velozes e barulhentos. Finge não ouvir.</span></div>
<div>
<span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">- Pai, você ouviu?</span></div>
<div>
<span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">- Sim, filho, ouvi, ... amanhã a gente volta aqui na banca, tá?</span></div>
<div>
<span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">Do astronauta, ficou com o sorriso e o desejo de fincar bandeiras por aí, com ele, é claro...</span></div>
Fernando Arosahttp://www.blogger.com/profile/02253625779676629120noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3191986071004049336.post-72827828951846341462014-04-29T21:08:00.001-03:002014-04-29T21:12:20.558-03:00Eu não sou macaco<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
—Não, meu filho, você não é
macaco...</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
— Mas, pai, o Neymar disse que
todo mundo é macaco.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
— Mas foi em outro sentido...</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
— Mãe, o papai está desmentido o
Neymar... — gritou o menino de 7 anos com força de quem quer proteger –se de um
grande mal.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
— Carlinhos, o papai está
querendo dizer...</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
— Eu não estou querendo dizer
nada, eu estou dizendo que nós não somos macacos e que o que o jogador quis
demonstrar é que...</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
— Não complica, Arnaldo, você
acha que o menino vai entender sua filosofia.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
— Mas não fui eu que disse que
nós somos macacos, estou tentando explicar pro Carlinhos que o Neymar disse uma
coisa querendo dizer outra, só isso.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
— Afinal de conta, pai, você está
ou não está mentindo?</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
— Se vira, Arnaldo, a bola é tua
— sentenciou a mulher, com ar de desafio.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
— Bom, vamos lá: meu filho, o que
o Neymar quis dizer é que todos viemos do macaco, independente de nossa cor,
sabe?</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O menino arregalou os olhos e ficou
sem entender, parecia que o tinham colocado numa gaiola e ele teria que esperar
que o trouxessem bananas para comer. O contexto ainda não tinha sido criado na
sua linguagem, e a confusão estava armada.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
— Pai, os jogadores de futebol
são macacos? Só eles vieram dos macacos? Se for assim, quero ser jogador de
futebol...</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O nó aumentou e a família teve
que se unir. Pai e mãe não sabiam e não queriam dizer que se tratava de um ato
de preconceito do torcedor, não queriam expor o filho ao mundo estranho em que
vivem, a preservação da inocência deveria ser mantida, não queriam que
Carlinhos entendesse que o preconceito é criação humana.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
— Perfeito, Carlinhos, se você
quer ser jogador de futebol, então que seja..., mas você é gente, não é
macaco...</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Carlinhos se deu por satisfeito e
a vida continuou alegre para o menino. O pai e a mãe seguiram vendidos...<a href="https://www.blogger.com/null" name="_GoBack"></a> </div>
Fernando Arosahttp://www.blogger.com/profile/02253625779676629120noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3191986071004049336.post-4694890974954188122013-03-29T21:29:00.003-03:002013-03-29T21:29:33.700-03:00E então, que quereis?<br />
<div style="background-color: #f7f0e9; font-family: arial; font-size: 13px; text-align: center;">
Fiz ranger as folhas de jornal<br /><br />abrindo-lhes as pálpebras piscantes.<br /><br />E logo<br /><br />de cada fronteira distante<br /><br />subiu um cheiro de pólvora<br /><br />perseguindo-me até em casa.<br /><br />Nestes últimos vinte anos<br /><br />nada de novo há<br /><br />no rugir das tempestades.</div>
<div style="background-color: #f7f0e9; font-family: arial; font-size: 13px; height: 0px; line-height: 1.4em; overflow: visible; text-align: center;">
</div>
<div style="background-color: #f7f0e9; font-family: arial; font-size: 13px; text-align: center;">
</div>
<div style="background-color: #f7f0e9; font-family: arial; font-size: 13px; height: 450px; line-height: 1.4em; overflow: visible; text-align: center;">
Não estamos alegres,<br /><br />é certo,<br /><br />mas também por que razão<br /><br />haveríamos de ficar tristes?<br /><br />O mar da história<br /><br />é agitado.<br /><br />As ameaças<br /><br />e as guerras<br /><br />havemos de atravessá-las,<br /><br />rompê-las ao meio,<br /><br />cortando-as<br /><br />como uma quilha corta<br /><br />as ondas.</div>
<div align="right" style="background-color: #f7f0e9; font-family: arial; font-size: 13px; height: 18px; line-height: 1.4em; overflow: visible;">
(1927)</div>
<div>
<br /></div>
Fernando Arosahttp://www.blogger.com/profile/02253625779676629120noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3191986071004049336.post-16008844712803260232013-03-09T01:49:00.002-03:002013-03-10T00:21:30.970-03:00<br />
<div class="MsoNormal">
Para o século 21</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Esta última semana me trouxe uma certa angústia: meus filhos
não sabem de nada ainda sobre o mundo, sequer conhecem os limites da terra em
que vivem, são pequenos demais; “Papai, quando eu voltar pro Brasil, a gente
pode tomar sorvete?”, saindo da Gávea para Botafogo. Tempo e espaço ainda estão
sendo construídos, essa inocência traz um torpor de ideias, uma geleia doce de
pensamentos..., mas e o Trem azul? Dinossauros e iluminadas frações de
fabulações sobre a vida, isso tudo ficará onde?</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Sei que ainda terão a oportunidade de conhecer e conhecer é
um prazer dos maiores que experimentamos; a liberdade que vivenciam nesse
primeiro momento vai sendo substituída por nossas verdades, indicações de
sentido, um GPS programado para dirigir o que podem ou não pensar, uma estética
que tenta unificar o que é tão diverso.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Podemos ter algumas certezas e dizê-las, devemos orientar os
caminhos para que sejam menos espinhosos, mas falo aqui de sonhos. Tenho ouvido
tantas opiniões definitivas sobre todas as coisas que imagino que o final do
mundo de fato está para chegar. Conheço pessoas todas inteligentes, capazes de
fechar um conceito em definição em apenas um gole de vinho, isso me
preocupa...e as definições são as mais secas... recentemente, bisbilhotando
conversas em redes sociais, vi dois jovens discutindo acerca da morte de Hugo
Chávez...o desejo de perpetuar a intolerância em nome de uma análise reles me
estarreceu.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Minha humilde percepção do mundo registra e marca a
incapacidade que estamos tendo de entender o que não está no <i>default</i>, as compras de felicidade
parecem dar conta do que precisamos e ponto final...se aquele outro ali não
concordar, que morra, que sonho que nada, já era la revolución...</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Para o século 21, o que estará por vir? Os dinossauros
entraram em extinção, mas em determinada fase de nossas vidas eles voltam com
tanta força em vários formatos e texturas que parecem reais, meu filho imita o
som (suposto) daquele monstruoso e adorável esquisito na luta eterna que já
aprendeu de ser humano, mais forte de todos...isso me preocupa. Para o século
21, queria garantir a eles, minha menina e meu menino, a impossibilidade de
tantas certezas, a fluidez do pensamento sem tantas formas pré-concebidas,
substituir, quem sabe, os heróis de poliuretano por gente que pensa
coletivamente.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Já sei: “ih, quanta bobagem!”</div>
Fernando Arosahttp://www.blogger.com/profile/02253625779676629120noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-3191986071004049336.post-36353744462136397142013-02-04T22:53:00.001-02:002013-02-04T22:53:28.129-02:00Pão + X + Y<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 3.0cm; tab-stops: 375.65pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 3.0cm; tab-stops: 375.65pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 3.0cm; tab-stops: 375.65pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Nunca penso em números<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 3.0cm; tab-stops: 375.65pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">E quando faço, erro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 3.0cm; tab-stops: 375.65pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Enganos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 3.0cm; tab-stops: 375.65pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Mau ensinamento.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 3.0cm; tab-stops: 375.65pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 3.0cm; tab-stops: 375.65pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Me preocupo às vezes<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 3.0cm; tab-stops: 375.65pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Imagino-me com mais destreza,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 3.0cm; tab-stops: 375.65pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Cálculos recriam o universo<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 3.0cm; tab-stops: 375.65pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Também.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 3.0cm; tab-stops: 375.65pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 3.0cm; tab-stops: 375.65pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Se talvez...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 3.0cm; tab-stops: 375.65pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Mais uma vez isso,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 3.0cm; tab-stops: 375.65pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Que palavras!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 3.0cm; tab-stops: 375.65pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Mania de querer reedificar,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 3.0cm; tab-stops: 375.65pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Transmutar o que já foi.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 3.0cm; tab-stops: 375.65pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 3.0cm; tab-stops: 375.65pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Quando penso em números<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 3.0cm; tab-stops: 375.65pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Me inervo: a conta,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 3.0cm; tab-stops: 375.65pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">O metro quadrado, as probabilidades...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 3.0cm; tab-stops: 375.65pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Prefiro pensar nas formas<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 3.0cm; tab-stops: 375.65pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Que é outra maneira de saber os
números.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 3.0cm; tab-stops: 375.65pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 3.0cm; tab-stops: 375.65pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Enquanto isso,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 3.0cm; tab-stops: 375.65pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Ao mesmo tempo,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 3.0cm; tab-stops: 375.65pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Me perdôo e me lembro<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 3.0cm; tab-stops: 375.65pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Do pão que acabei de assar!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 3.0cm; tab-stops: 375.65pt;">
<br /></div>
Fernando Arosahttp://www.blogger.com/profile/02253625779676629120noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3191986071004049336.post-31083109983750469772012-02-24T23:32:00.001-02:002012-02-24T23:34:02.170-02:00Imprecisão do Tempo<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 0cm;"><br />
</div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 0cm;"><br />
</div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 0cm;"><span style="mso-fareast-language: PT-BR; mso-no-proof: yes;"><v:shapetype coordsize="21600,21600" filled="f" id="_x0000_t75" o:preferrelative="t" o:spt="75" path="m@4@5l@4@11@9@11@9@5xe" stroked="f"><span style="font-family: Calibri;"> <v:stroke joinstyle="miter"> <v:formulas> <v:f eqn="if lineDrawn pixelLineWidth 0"> <v:f eqn="sum @0 1 0"> <v:f eqn="sum 0 0 @1"> <v:f eqn="prod @2 1 2"> <v:f eqn="prod @3 21600 pixelWidth"> <v:f eqn="prod @3 21600 pixelHeight"> <v:f eqn="sum @0 0 1"> <v:f eqn="prod @6 1 2"> <v:f eqn="prod @7 21600 pixelWidth"> <v:f eqn="sum @8 21600 0"> <v:f eqn="prod @7 21600 pixelHeight"> <v:f eqn="sum @10 21600 0"> </v:f></v:f></v:f></v:f></v:f></v:f></v:f></v:f></v:f></v:f></v:f></v:f></v:formulas> <v:path gradientshapeok="t" o:connecttype="rect" o:extrusionok="f"> <o:lock aspectratio="t" v:ext="edit"> </o:lock></v:path></v:stroke></span></v:shapetype><v:shape alt="http://a3.sphotos.ak.fbcdn.net/hphotos-ak-snc7/425328_236371869788435_100002468708915_504056_1415918467_n.jpg" id="Imagem_x0020_1" o:spid="_x0000_i1026" style="height: 96.75pt; mso-wrap-style: square; visibility: visible; width: 150.75pt;" type="#_x0000_t75"><span style="font-family: Calibri;"> <v:imagedata o:title="425328_236371869788435_100002468708915_504056_1415918467_n" src="file:///C:\Users\Fernando\AppData\Local\Temp\msohtmlclip1\01\clip_image001.jpg"> </v:imagedata></span></v:shape></span><span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 0cm;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-tab-count: 1;"></span>De certa forma as pessoas vivem falando sobre o tempo. Ora se referem ao presente como algo inequívoco, ora se reportam ao passado como fonte de momentos inesquecíveis. O fato é que o tempo é um dos grandes mistérios da nossa existência. Ontem e hoje..., se não fossem os astros para nos dar alguma orientação, nos perderíamos nas teias do dia a dia.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 0cm;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Não nos lembramos exatamente quando deixamos de ser levantados no colo, mas sentimos falta disso para o resto da vida. Não sabemos quando começamos a pensar no amor, mas conhecemos sua <i style="mso-bidi-font-style: normal;">perfomance</i> desde cedo nos encontros com a família. </span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 0cm;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Sabe-se que a literatura e a filosofia estão repletas de sabedoria sobre o tema, mas ainda não conferem a impressão que tive nos últimos dias; o tempo é um conjunto de sensações, lembranças, experiências individuais (e por que não dizer de grupo) que quando reunidas formam o que chamamos de tempo.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 0cm;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Antiguidade, modernidade, pós-modernidade, Guerras Mundiais, ascensão e decadência das ditaduras, a historicidade é uma irmã do que chamamos de tempo. Temos o poder de quantificar, agrupar e analisar os fatos que vivemos para termos a segurança de que estamos indo para o futuro, isso nos conforta, porém, esbarramos com as incertezas sobre o que virá.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 0cm;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Nem sempre pensamos sobre o tempo, mas sempre o sentimos. Nos últimos dias tenho reafirmado isso: um almoço entre amigos revigorou<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>nossas vidas em busca do ir e vir, passado e presente, presente e futuro.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 0cm;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Ouvi de um deles: “já se passou tanto tempo, mas eu não sinto isso...” Nosso encontro confirmou nossa juventude. Já não nos víamos há uns 16 anos (olha mais uma vez a imprecisão aí), nossos filhos não se conheciam, houve um lapso de tempo que não nos venceu, estávamos lá, juntos com as mesmas risadas. Foi um encontro rápido, ficamos umas 6 horas nos olhando com um misto de alegria e ansiedade, um pouco de medo de que aquilo ali acabasse. Nos prometemos reencontros, mas o que tenho certeza mesmo é que aquela terça-feira de Carnaval deu a todos ali a precisão do tempo da amizade, da alegria. <span style="mso-fareast-language: PT-BR; mso-no-proof: yes;"><v:shape alt="http://a8.sphotos.ak.fbcdn.net/hphotos-ak-ash4/p480x480/403169_10150573271213261_648918260_8921558_1181761090_n.jpg" id="Imagem_x0020_2" o:spid="_x0000_i1025" style="height: 130.5pt; mso-wrap-style: square; visibility: visible; width: 174pt;" type="#_x0000_t75"><span style="font-family: Calibri;"><v:imagedata o:title="403169_10150573271213261_648918260_8921558_1181761090_n" src="file:///C:\Users\Fernando\AppData\Local\Temp\msohtmlclip1\01\clip_image003.jpg"></v:imagedata></span></v:shape></span></span></div>Fernando Arosahttp://www.blogger.com/profile/02253625779676629120noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3191986071004049336.post-59296990747156036752012-02-04T23:24:00.000-02:002012-02-04T23:24:06.912-02:00Oração ao tempo - Caetano Veloso<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/PhSpjxxC31E?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>Fernando Arosahttp://www.blogger.com/profile/02253625779676629120noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3191986071004049336.post-13810451794562764712011-12-30T23:09:00.003-02:002011-12-30T23:59:40.867-02:00Retrospectiva<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Não terei aqui compromisso com a temporalidade, sequer com o mundo real, mas às vezes direi verdades. Conheci o universo da rede social. Meu calendário em 2011 parecia não ter nexo. Trabalhei como nunca, apesar de ter apostado em um ano mais tranqüilo. Minha tranqüilidade foi garantida em casa, mas na rua...socorro. Em 1976, tive minha primeira experiência política. Em 2011, fui político com maturidade e não esganei ninguém. Levei alguns sustos, um temporal fez meu filho ter medo de trovões até hoje.</span></div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Em todo o mundo, a economia esteve ameaçada, porém dizem que o Brasil está protegido. Minhas contas não fecharam. Conheci em 2011 pessoas inacreditavelmente horrorosas. Já esqueci. Em 1985, me formei e jurei compromisso com a Educação: estou tentando. Ouvi de uma professora, em 2011, “que lei que nada, vou fumar aqui dentro da escola...”. Fui ao primeiro Rock in Rio e nunca mais esqueci.</span></div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Prenderam o Nem aqui perto de casa. Consegui em 2011 construir a calma antes nunca alcançada. De 1989 a 1995, trabalhei com duas pessoas muito duras, exigentes, muitas vezes incompreendidas (na época), mas que marcaram positivamente minha vida profissional: obrigado Amélia e Lídia. Em 2011, trabalhei com duas pessoas que não quero nem ver na rua. Esqueceram de prender gente que se encosta no funcionalismo público.</span></div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Em 2007, Caio chegou. Em 2009, Júlia chegou. Em 2011, os dois são irmãos com olhares de companheirismo nas peraltices (que termo antigo!). Em 2011, conheci pessoas incríveis, pois comecei a escrever um livro; obrigado: Esméria Freitas, Sérgio Cabral, Melanie Dimantas, Patrícia kogut, Mauro Senise, Cláudia Costin, Roberto Lima Neto.</span></div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Amy Winehouse foi embora, que pena! Chico Buarque estará de volta em 2012. Rezei pouco, estive muito humano. A tecnologia avança e cria relações virtuais. Por causa da rede social, reencontrei pessoas que não via há mais de 15 anos. O telefone ainda funciona, ok? Minha casa pede nova pintura, mas isso fica para o ano que vem.</span></div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Em 2012, perderei 10 quilos (dos 20 que tenho que perder). Em 2014, farei 50 anos. Ops, é retrospectiva! Desculpem-me. Em 2011, vimos de tudo: extorção, violência, guerra, fome, overdose, nada de novo.</span></div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Em 2012, quero meus amigos mais perto. Desejo em 2012 que tenhamos mais alegrias que tristezas, mais amor, menos desconfiança, mais prazer em viver.</span></div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Hoje, meu filho me fez a seguinte pergunta: “Pai, cavalo tem bochecha?” Respondi que não, mas fiquei na dúvida. Tenho que criar respostas melhores em 2012. Mas o que preciso mesmo é fazer quem está ligado a mim rir mais, esperar mais da vida, querer estar por aqui mais tempo.</span></div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"></div>Fernando Arosahttp://www.blogger.com/profile/02253625779676629120noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-3191986071004049336.post-53627907972713609082011-11-06T22:36:00.002-02:002011-11-06T22:36:59.964-02:00Elis Regina e Adoniram Barbosa<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/V66d47KUPCc?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>Fernando Arosahttp://www.blogger.com/profile/02253625779676629120noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3191986071004049336.post-4401089482053069572011-10-31T23:00:00.002-02:002011-10-31T23:00:55.513-02:00<div align="justify" style="margin-left: 30px; margin-right: -280px;"><strong><a href="" name="poema13"><span style="font-family: Arial,Helvetica; font-size: small;">Cilada verbal</span></a></strong> </div><br />
<div align="justify" style="margin-left: 30px; margin-right: -280px;"><span style="font-size: x-small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica;"> Afonso Romano de Santana<br />
Há vários modos de matar um homem:</span> <br />
<span style="font-family: Arial,Helvetica;">com o tiro, a fome, a espada</span> <br />
<span style="font-family: Arial,Helvetica;">ou com a palavra</span> <br />
<span style="font-family: Arial,Helvetica;">– envenenada.</span></span> </div><br />
<div align="justify" style="margin-left: 30px; margin-right: -280px;"><span style="font-size: x-small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica;">Não é preciso força.</span> <br />
<span style="font-family: Arial,Helvetica;">Basta que a boca solte</span> <br />
<span style="font-family: Arial,Helvetica;">a frase engatilhada</span> <br />
<span style="font-family: Arial,Helvetica;">e o outro morre</span> <br />
<span style="font-family: Arial,Helvetica;">– na sintaxe da emboscada .</span></span> </div><br />
<div align="justify" style="margin-left: 30px; margin-right: -280px;"> </div>Fernando Arosahttp://www.blogger.com/profile/02253625779676629120noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3191986071004049336.post-39812271499967462642011-08-02T17:27:00.000-03:002011-08-02T17:27:02.283-03:00Marianna Leporace<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/HNOYZfst9h4?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>Fernando Arosahttp://www.blogger.com/profile/02253625779676629120noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3191986071004049336.post-85020601073986112592011-06-07T23:06:00.000-03:002011-06-07T23:06:27.818-03:00Um pouco de coisas simples Fernando Arosa<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 0cm;"><br />
</div><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 0cm;"><br />
</div><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 0cm;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Nosso país é uma graça mesmo: políticos envolvidos em atos ilícitos, a saúde uma vergonha, a educação sendo escrita ainda com letras minúsculas. Parece-me que a gente nunca vai sair disso, sinto muitas vezes aquele desânimo que aperta o coração de quem está no ônibus cheio, na fila dos postos de saúde, nas esquinas sem rumo, no campo sem semente. </span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 0cm;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Nossa cidade é uma graça mesmo: políticos envolvidos em atos ilícitos, a saúde uma vergonha, a educação sendo escrita ainda com letras minúsculas. Vejo diariamente o dinheiro público ser desperdiçado em compras desnecessárias, professores mal pagos, professores desiludidos, <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>alguns professores que por tudo isso não se comprometem com o trabalho, a mídia anunciando sempre que não teremos mais jeito.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 0cm;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Nosso país, nossa cidade, nossa casa, tudo reflete uma política maior de não saber quem nós somos, de seguir em frente sem criticidade, de criar metas cada vez mais inalcançáveis de consumo. Não quero ser reducionista, mas estamos sendo uma numeração, um código de barras, um carimbo, a máquina de trabalhar, trabalhar, trabalhar para a sobrevida fantasiada de cores, tecidos, bebidas, uma música inaudível, o desrespeito, o desencontro.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 0cm;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Nossa casa e nossa vida, quem manda nisso? Nós mesmos ou deixaremos nos afogar nesse desesperar? </span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 0cm;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Hoje, após muito tempo, reencontrei uns amigos, graças à tecnologia. Nos falamos virtualmente, trocamos telefone e tivemos a coragem de nos falar. Contamos o que fizemos nesses últimos quinze anos, falamos de filhos, de família, múltiplas emoções. Recuperamos a juventude em quinze minutos de papo. Nos prometemos reencontro mesmo que ainda no nosso país e cidade tão desinteressantes.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 0cm;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Uma frase martelou em mim o dia inteiro: “ vamos ver se nos encontramos pra rir, a vida anda muito séria”. De fato, estamos precisando do riso, do reencontro e da certeza de que somente no convívio amoroso poderemos nos refazer, buscando a reinvenção de nós mesmos.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 0cm;"><br />
</div>Fernando Arosahttp://www.blogger.com/profile/02253625779676629120noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3191986071004049336.post-28521364124989059192011-05-31T21:41:00.000-03:002011-05-31T21:41:39.387-03:00Alma<small> Composição : Pepeu Gomes e Arnaldo Antunes</small> <br />
<div id="main_cnt"><div id="div_letra">Alma! Alma! Alma!<br />
Alma!<br />
Deixa eu ver sua alma<br />
A epiderme da alma<br />
Superfície!<br />
Alma!<br />
Deixa eu tocar sua alma<br />
Com a superfície da palma<br />
Da minha mão<br />
Superfície!...<br />
Easy! Fique bem easy<br />
Fique sem, nem razão<br />
Da superfície!<br />
Livre! Fique sim, livre<br />
Fique bem, com razão ou não<br />
Aterrize!...<br />
Alma!<br />
Isso do medo se acalma<br />
Isso de sede se aplaca<br />
Todo pesar não existe<br />
Alma!<br />
Como um reflexo na água<br />
Sobre a última camada<br />
Que fica na<br />
Superfície!...<br />
Crise!<br />
Já acabou, livre<br />
Já passou o meu temor<br />
Do seu medo sem motivo<br />
Riso, de manhã, riso<br />
De neném a água já molhou<br />
A superfície!...<br />
Alma!<br />
Daqui do lado de fora<br />
Nenhuma forma de trauma<br />
Sobrevive!<br />
Abra a sua válvula agora<br />
A sua cápsula alma<br />
Flutua na<br />
Superfície!...<br />
Lisa, que me alisa<br />
Seu suor, o sal que sai do sol<br />
Da superfície!<br />
Simples, devagar, simples<br />
Bem de leve<br />
A alma já pousou<br />
Na superfície!...<br />
Alma!<br />
Daqui do lado de fora<br />
Nenhuma forma de trauma<br />
Sobrevive!<br />
Abra a sua válvula agora<br />
A sua cápsula alma<br />
Flutua na<br />
Superfície!...<br />
Lisa, que me alisa<br />
Seu suor, o sal que sai do sol<br />
Da superfície!<br />
Simples, devagar, simples<br />
Bem de leve<br />
A alma já pousou<br />
Na superfície!...<br />
Alma!<br />
Deixa eu ver sua alma<br />
A epiderme da alma<br />
Superfície!<br />
Alma!<br />
Deixa eu tocar sua alma<br />
Com a superfície da palma<br />
Da minha mão<br />
Superfície!...<br />
Alma!<br />
Deixa eu ver!<br />
Deixa eu tocar!<br />
Alma! Alma!<br />
Deixa eu ver!<br />
Deixa eu tocar!<br />
Alma! Alma!<br />
Superfície<br />
Alma! Alma!<br />
ALMA!</div></div>Fernando Arosahttp://www.blogger.com/profile/02253625779676629120noreply@blogger.com0