terça-feira, 7 de junho de 2011

Um pouco de coisas simples

                                                                                                                                        Fernando Arosa





                Nosso país é uma graça mesmo: políticos envolvidos em atos ilícitos, a saúde uma vergonha, a educação sendo escrita ainda com letras minúsculas. Parece-me que a gente nunca vai sair disso, sinto muitas vezes aquele desânimo que aperta o coração de quem está no ônibus cheio, na fila dos postos de saúde, nas esquinas sem rumo, no campo sem semente.

                Nossa cidade é uma graça mesmo: políticos envolvidos em atos ilícitos, a saúde uma vergonha, a educação sendo escrita ainda com letras minúsculas. Vejo diariamente o dinheiro público ser desperdiçado em compras desnecessárias, professores mal pagos, professores desiludidos,  alguns professores que por tudo isso não se comprometem com o trabalho, a mídia anunciando sempre que não teremos mais jeito.

                Nosso país, nossa cidade, nossa casa, tudo reflete uma política maior de não saber quem nós somos, de seguir em frente sem criticidade, de criar metas cada vez mais inalcançáveis de consumo. Não quero ser reducionista, mas estamos sendo uma numeração, um código de barras, um carimbo, a máquina de trabalhar, trabalhar, trabalhar para a sobrevida fantasiada de cores, tecidos, bebidas, uma música inaudível, o desrespeito, o desencontro.

                Nossa casa e nossa vida, quem manda nisso? Nós mesmos ou deixaremos nos afogar nesse desesperar?

                Hoje, após muito tempo, reencontrei uns amigos, graças à tecnologia. Nos falamos virtualmente, trocamos telefone e tivemos a coragem de nos falar. Contamos o que fizemos nesses últimos quinze anos, falamos de filhos, de família, múltiplas emoções. Recuperamos a juventude em quinze minutos de papo. Nos prometemos reencontro mesmo que ainda no nosso país e cidade tão desinteressantes.

                Uma frase martelou em mim o dia inteiro: “ vamos ver se nos encontramos pra rir, a vida anda muito séria”. De fato, estamos precisando do riso, do reencontro e da certeza de que somente no convívio amoroso poderemos nos refazer, buscando a reinvenção de nós mesmos.