quarta-feira, 21 de maio de 2014

O PT inventou a corrupção





Aprendi que o pensamento é em rede, não pensamos em linha reta e a ligação entre um primeiro pensamento e outro não é linear, sambamos entre calçadas e ladeiras íngremes, até chegar a alguma conclusão sobre determinado assunto, mas o fato é que precisamos pensar para dizer “e “dizer” não é brincadeira não”.
Tenho lido muitas opiniões sobre a situação em que estamos passando Brasil afora. “O país está vivendo a pior das crises”, “A presidenta é...”, O Congresso fez...!” “ Na Câmara dos vereadores, o discurso do representante do partido tal apontou que a corrupção vem alcançando índices alarmantes...”. E isso, afinal é de quem?
Li certo comentário sobre cotas e corrupção que me deixou quase em lágrimas, pois quem defendia a argumentação contra as cotas me parecia a perfeição encarnada e vestida de gente, faltou-lhe o altar e algum som divino ao fundo; quanto à corrupção, então, me pareceu que foi inventada e registrada em cartório pelo Partido dos Trabalhadores. Que alívio, alguém já encontrou o culpado, agora é fácil, é só agir...
Dizer que um partido implantou esse estado de desordem institucional é fácil, difícil é deixar de estacionar em lugar proibido, dando uns cinco merréis para o “maldito flanelinha” que deve estar ali apenas para se aproveitar dos pobrezinhos donos dos carros. Apontar que o PSDB, o PDT, o PCdoB, o PMDB e todos os outros não têm participação nessa desordem institucional que estamos constatando diariamente, dizer isso é facílimo, difícil é sair para trabalhar de ônibus quatro horas antes de seu horário de início de trabalho, para garantir que chegará na hora e ainda em condições pra lá de precárias. Difícil é não querer ser rico igual ao governador, prefeito, deputado, artista de novela. Difícil mesmo é saber que as escolas, em sua grande maioria, não estão conseguindo formar cidadãos conscientes de seu papel social.
Fácil é dizer que quem é beneficiário de setenta reais por mês é vagabundo e não quer trabalhar, afinal, setenta reais é trocado para alguns, mas para muitos é sair da inanição. Sim, e depois, vão continuar ganhando isso para o resto de suas vidas? Fazendo filho por aí pra ganhar bolsa disso e bolsa daquilo? Informe-se!!! Procure saber além dos preços do supermercado da sua esquina... há muitos lugares no Brasil sem esquina ainda, pois sequer são ruas. Difícil é sair da posição do conforto. Difícil mesmo é ficar atrás do computador sem poder nas mãos para que a igualdade se firme no país que precisa exercitar a democracia e cobrar seus ajustes.
Hoje, está difícil acreditar nas instituições porque nossa máquina é feita por gente brasileira advinda de todos os partidos políticos. Não, não foi o PT que inventou a corrupção, mas de fato, alguns de seus representantes perderam a oportunidade de dar o tom da correção, da lisura, usando o poder para ir adiante. É fato que estamos escancarados e que há punições e as gavetas foram abertas no legislativo, no executivo e no judiciário. O que fazer com isso?
Fácil é ir à Disney uma vez por ano e achar que nos EUA tudo funciona. Difícil é não jogar pela janela do carro o papel do estacionamento do shopping de uma grande cidade brasileira. Bem difícil é aceitar que gente pobre anda viajando de avião.
E aí, já fez sua contramão de hoje? Erga sua bandeira quando puder erguer e diga quando puder dizer...


terça-feira, 6 de maio de 2014

O astronauta

- Pai, eu vou ser astronauta.
- É, filho, que bacana...
- É, eu vou na lua pra tirar aquela bandeira que está lá e colocar uma do Brasil.
- É, filho, e o que mais?
- Vou colocar 7 pirulitos lá pros alienígenas também...
- E o que mais?
- Só isso tá bom...
E o tempo corre a seu favor enquanto o pai precisa de tempo para ter tempo pra ver seu astronauta viver. Hoje o tempo resolveu dar-lhe uma trégua e, com paciência, saiu para comprar figurinhas na banca de jornal mais próxima. Ele queria ir mais longe, dizia que seu álbum ainda faltava muito pra completar... o olhar de brilho novo encheu o caminho até o jornaleiro de passado. Aquelas mãos dadas foram ligadas tão naturalmente e por instantes pai e filho só trocavam olhares e sorrisos, uma certeza de tudo e nada...
- Pai,...
- Pai,...
Não sabia se respondia ou se ouvia sua própria voz trazida de anos atrás. A voz do astronauta ou a dele? Que pai tinha que acessar? Coisas mais simples: ele, pai do astronauta. O astronauta, pai do tempo.
- E os alienígenas?
- O que é que tem?
- Como eles são?
- São grandes.- Quanta certeza!!!
- Pai, amanhã você pode vir comigo novamente aqui na banca?
Os carros passam velozes e barulhentos. Finge não ouvir.
- Pai, você ouviu?
- Sim, filho, ouvi, ... amanhã a gente volta aqui na banca, tá?
Do astronauta, ficou com o sorriso e o desejo de fincar bandeiras por aí, com ele, é claro...