Pela primeira vez, o rapaz de um
município vizinho (ou seria de longa distância?) chegou à cidade grande, cidade
com carros, barulhos, desalinhos... “O mundo anda perdido”, ouvimos
recentemente a sentença, aliás, o tempo vem nos confundindo, pois as desilusões
não são substituídas por alentos há tempos, ouvimos muito e sempre “O mundo
anda perdido”.
Perdidos mesmo estavam o violão e
seu dono, dentro do vagão de metrô, em um local qualquer nos subterrâneos da
cidade maravilhosa. Os barulhos da cidade, no subsolo, são outros: há toques de
grandes rodas de metal em contato com seus trilhos deslizantes, há barulhos dos
ajustes entre os vagões que a Física dá conta de explicar, as conversas, os
choros das crianças, o cansaço silencioso...mas hoje a professora presenciou o
som do abraço e se encantou.
O fato veio de um jovem músico,
perdido em seu trajeto, pleno de mapas inexplorados: precisava de saber como chegar à escola Nacional de Música. Pediu informação e recebeu algo
assustador: delicadeza, afeto e informação. A professora, com seu livro aberto
e óculos apoiados no nariz, levantou os olhos e se encheu de ilusões: “Será que
o mundo ainda tem jeito?”.
A cidade por cima de toda aquela
cena não percebia que das entranhas da terra viriam boas novas, quem sabe uma
mensagem de paz ou simplesmente um lampejo de esperança... seria o Natal
chegando?
Pois bem, o casal que dava a
informação foi surpreendido pela pergunta de seus nomes e, como confirmando a
possibilidade de paz entre os homens, o jovem músico compôs uma canção em
agradecimento, finalizando a cena com um abraço triplo, abraço que ecoou no dia
da professora como uma fonte de futuro...
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