segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Casas de cristal

                                                                                                                                       Fernando Arosa


                Os jornais de hoje trazem  notícias como se vivêssemos tudo igualmente todos os dias. Vejo isso como falência da criatividade de nós mesmos. Procurei uma notícia inusitada aqui, outra ali, mas nada que me desse motivo para comemorar e fazer uma crônica daquelas poéticas, pra cima, crônica de sorrir reflexivo.
                Uma das notícias que me causou espanto foi a de que agora podemos ter enterro online, ora vejam só, posso morrer aqui e ser velado via web cam. Digo desde já que não quero, vou ter vergonha de estar morto e sendo filmado, que coisa, me deixem morrer como antigamente, quem não puder se despedir de mim pessoalmente, mande um telegrama que é um símbolo de tecnologia e que mantém seu charme e elegância.
                O papa comentou que admite a camisinha para evitar a Aids. Será que ele achava que alguém ainda segue todas as recomendações da Igreja, mesmo os católicos praticantes usam camisinha, planejam os filhos e outras coisitas mais...
                O que me provocou hoje no noticiário foi a página da educação no Brasil. Entre outras coisas ditas, o que deram ênfase foi ao  fato de a profissão de professor não ser mais procurada. Muitos são os motivos, porém, neste primeiro momento em que resolvo falar um pouco sobre isso devo começar com uma simples conclusão: nada pode modificar enquanto os investimentos na área forem essa vergonha que é no Brasil. Nossa revolução precisa seguir a lógica do capital. Quando o dinheiro é pouco e mal aplicado, não se pode esperar muito.
                Jovens não procuram mais a profissão de professor porque sabem das dificuldades, não apenas as que são publicadas nos jornais, mas porque vivenciam nas salas de aula as deficiências, as inadequações. Nossas escolas ainda estão funcionando como depósitos de pessoas que precisam estar ali, mas não sabem muito bem com qual finalidade. Professores com baixos salários, sem tempo para reciclagem, trabalhando em duas, três ou mais escolas, atendendo a 500 alunos, como isso pode dar certo?
                Os espaços escolares não estão aparelhados para enfrentar as demandas de hoje, não basta computadores, não significa revolução. Vejo nas escolas aparelhos tecnológicos chegando, mas a falta de tempo, de organização, de planejamento ainda vigoram. Nossas escolas são como casas de cristal, frágeis. Muitas ações governamentais são louváveis enquanto projeto, mas e o dinheiro? É preciso mais dinheiro para a educação. Hoje faltam professores, amanhã faltarão médicos, engenheiros, filósofos, comunicadores, gente qualificada e formada para seguir construindo o país. A Educação está entregue em mãos que pedem, mais uma vez, seriedade, objetividade e políticas públicas que resgatem o profissional para sua vocação: educar. Com dignidade.

3 comentários:

  1. tenho q me animar com seu exemplo, PARABENS!!!

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  2. caramba comentei em varios artigos e nao foi postado pq nao notei q tinha q e digitar confirmacao :(

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