Fernando Arosa
Ele acordou no horário de sempre, responsável, levantou-se pronto para o dia que surgia azulado.
Notícias na TV o prenderiam em casa, porém as obrigações profissionais o expulsaram da mesa do café; beijos na esposa, filhos e rua.
Os olhos encurtaram-se ante os raios solares fortes e irrefutáveis. Promessas de um dia de cinema. Pensava estar em um set, não se lembrava de dia tão iluminado, perfeito para sentir-se livre, com alguma filosofia, dores na alma, mas livre.
Entrou na condução, lembrou-se da agenda cheia e desceu. Caminhou pela cidade com um ritmo ancestral, não teve pressa. Teve a justa e primitiva certeza de fazer parte daquele cenário: céu azul, linha do horizonte, mar, montanhas, pássaros... Anulou o resto que via e se integrou ao que o interessava e encantava.
Chegou tarde ao escritório, pe´s cansados e coração e alma refeitos. Inquirido pelo atraso, respondeu:
_ A manhã...sabem? Lembram da manhã? Estava perfeita!!! Me entreguei, só isso...
( Texto baseado em crônica de Paulo Mendes Campos – O pombo enigmático – 1962)
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