segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Daquela manhã, saí mais forte

Fernando Arosa 

            É comum familiares se encontrarem. Todos já viveram isto: almoços, lanches no final do domingo, dias comemorativos, dias não tão comemorativos, alegrias e tristezas, sabores e dissabores, mas encontros.
            O céu nublado colaborou para tornar o dia mais pesado que de costume. Às vezes, os encontros demarcam retomadas de rumo, projeções de futuro. Outras vezes, são incursões naquilo que o abandono escondeu e criou falsas finitudes.
            Daquela manhã, saí mais forte. Os encontros de agora por diante serão mais reais, mais claros, a falsa ideia do passado finito terminou. Não, o passado estava ali, transfigurado em escadarias sujas, salas escancaradamente devassadas, um castelo em ruínas. Portas sem entradas e intactas de futuro. Um velho em antigo uniforme professoral nos abriu novamente, com ar de alívio, a possibilidade do real: “ que bom que vieram, chega, agora é a hora, terminem com isso”.
            A respiração pequena de susto nos fez nublar a visão e, de volta ao presente, confirmamos a sobrevivência. Ufa! Visitar castelos em ruína não é nada fácil!!!
            Daquela manhã, saí um pouco mais velho e um pouco mais forte. De bodoque em punho, volto a atirar para frente. Minha arma de agora é feita do sorriso do filho que me chama para brincar.

Um comentário: