terça-feira, 5 de outubro de 2010

Lista de desejos

Fernando Arosa

                Toda vez que se aproxima um novo ano, que fazemos aniversário, que levamos um susto com a saúde, que mudamos de emprego, ou ainda, que a megasena acumula, pensamos em novos desejos ou relembramos antigos.
                Não sei precisar se tudo o que penso ocorre com todo mundo, mas toda vez que vejo coisas comuns a todos, me identifico com algumas, inventariar desejos é uma das minhas atividades diárias, organiza minhas angústias.
                Faço isso com meus desejos e projetos. A idade, um pouco além dos quarenta, já me faz enumerar coisas mais possíveis. Ora vislumbro as possíveis fáceis, ora possíveis difíceis. Por exemplo, perder peso é possível difícil. Outra coisa difícil é ser compreensivo com os incompetentes, paciente, então, é coisa inalcançável.
                Elaborei, na iminência de me tornar milionário, em: passar uma semana mudo, em lugar desconhecido. Em seguida, voltar ao trabalho, alegando ter passado por problemas particulares e não contar nada a ninguém, nunca revelar que fiquei rico. Mais adiante, já com a família orientada, partir para as compras, agora a fantasia vai longe, não só geograficamente como nas entranhas da imaginação.
                Viajar, desejo comum, muita gente faria o mesmo. Comprar casas, quero uma em cada lugar que eu gostei de conhecer: Bahia, Búzios, Carcassone, Barcelona e, pasmem, Aracaju, entre outros.
                Comprarei um estúdio para gravar minhas músicas preferidas, cantando, calma, não enviarei aos meus amigos, gravo e apago, ok?
                Agora, vai mais uma: uma fábrica de tortas, sim, uma fábrica de torta e, na sequência, uma clínica, um SPA, seu antídoto...
                Tenho aí já gastos alguns milhões, sem esquecer, é claro, de presentear alguns amigos, familiares e tentar me livrar dos pecados terrenos. Mas o que mais me preocupa é a verba que encaminharei aos cientistas políticos e economistas para que inventem um novo sistema, sustentável, que acabe com esse tal de dinheiro, que compra algumas felicidades, mas que faz a gente pirar também.


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