Olheiro
Estamos em destaque. O mundo nos
verá a partir do início da Copa da Fifa. As ruas estão ainda mornas. A campanha
presidencial está na rua. E os brasileiros ficarão em casa e verão pela TV os
jogos. Quer assistir à final? É simples: compre o bilhete e vá, dependendo do
tipo de ingresso, você terá que desembolsar R$2 mil. Seja otimista: “treino é
treino, jogo é jogo”.
Logo de cara teremos uma partida
com a Croácia que apresenta na sua equipe um brasileiro. Coitado, está tendo
que justificar por que não joga pelo Brasil... há muitas explicações pra isso,
uma delas é o sonho de uma vida melhor.
O mundo anda meio mal, mas o
Brasil avança sua economia e conquista seu lugar no quadro mundial como uma
nação que exporta, que cresce e que realiza a “maior Copa da história”. “A Copa
da paz, da inclusão, da tolerância, do diálogo e do entendimento...”. O país,
de fato, precisa disso tudo, mas clama também pela igualdade. Liberdade de
expressão temos que vigiar e manter; fraternidade, conquistar com debate e
garantia dos direitos, e, igualdade, exigir. Somos um país rico, estamos cada
vez mais conscientes disso, mas não somos iguais. As diferenças de oportunidade
estão nos ônibus, nas portas de hospital, nas filas de defensoria pública, nos
guichês de atendimento da previdência social, nas escolas.
“Os olhos e os corações do mundo
estarão voltados para o Brasil...”. O que temos para mostrar? O povo. Fala-se
em legado, mas fala-se também que tudo já estava planejado, independente do
evento internacional. O povo que deve ser o maior beneficiário, ainda enfrenta
problemas básicos seríssimos, não somos pessimistas, vivemos nas ruas, nas
filas, no país real... será que precisamos de um olheiro que nos leve para um
lugar onde as igualdades estejam garantidas?
(Publicado em www.bafafa.com.br)
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